domingo, 3 de abril de 2011

Maktub!

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. " (Caio F.)

Morar em Itaguaí não foi a decisão mais fácil a ser tomada. Nada é simples quando o destino nos coloca diante de uma escolha e oferece apenas duas opções. Eu escolhi ir embora e deixar pra trás todas as coisas que me assombravam. Todos os medos, vontades, todas as coisas sórdidas e lindas foram deixadas de lado. A única coisa que ficou foi a necessidade de dias melhores, com amor ou não.
A verdade, Desconexo, é que esse Poeta havia deixado de lado até a poesia. O único amor havia sido deixado de lado em prol de farsas, de bocas sedutoramente mentirosas. Nada, além disso.
Disseram-me uma vez que não existe destino e que eu jamais poderia atribuir grandes significados a pequenos eventos. Hoje eu acredito que isso era simples devaneio de um coração seco, ou cheio de desamor.
O que eu sei hoje é o que Ana me ensina a pensar.
Foi dentro de uma livraria que eu a encontrei. Ana era uma velha conhecida muito ligada ao mundo das letras que há muito havia se tornado distante. Ana foi uma das paixões que moveram este poeta, uma das que encheram os meus olhos de vida; olhos que nunca esqueceram, e não esquecerão, a borboleta desenhada a ferro e fogo no meio das costas dela.
Foi ali, na livraria, que eu descobri que meu coração ainda tinha vida e, depois de muito tempo, ele havia dado saltos dentro do peito. Depois de uma aproximação, um café e algumas músicas, eu sentia Ana morando novamente dentro de mim. Os olhos dela tinham fome e brilhavam, entregando que ela também queria a minha vida na dela, mesmo depois de tanto tempo.
Ana era casada, mas eu não poderia deixá-la passar novamente e me prostrei amante aos seus pés. Pés que não queriam, mas pisavam e continuariam pisando. Nada que uma tarde ao seu lado não pague e que as tantas poesias que passam dos olhos dela para os meus não curem.

Desconexo, ainda espero tua visita e desculpa a demora desse sempre atrasado poeta.

Do teu amigo,

O Poeta.